IPFS: Sua Ferramenta Contra Censura

Aviso: este texto pode corroer convicções frágeis.

Suba Seus Arquivos pro Espaço, Fora do Alcance de Qualquer Censo.

Chega.

Chega de link quebrado. Chega de conteúdo “indisponível por violar as diretrizes da comunidade”. Chega de apagar rastros, redirecionar, depender de servidor VPS pago em dólar. Você quer guardar algo na internet de verdade? Sem depender de servidor alheio, de empresa de nuvem com compliance ESG e política de remoção estilo ministério da verdade?

Bem-vindo ao IPFS, a parte da internet onde você publica e ninguém mais toca.


O Que É o IPFS?

IPFS — InterPlanetary File System — é basicamente um torrent da web. Só que mais inteligente, mais estável e mais ambicioso. Em vez de pedir o conteúdo pra um servidor fixo (tipo HTTP), você pede pelo conteúdo em si. Como? Pelo hash do conteúdo. E qualquer nó IPFS que tiver esse conteúdo pode te entregar.

Ou seja: você não acessa um lugar, você acessa uma ideia. Imutável, rastreável e livre.

Por Que Isso Importa?

Porque a internet hoje é um teatro: você acha que publica conteúdo, mas na real você está alugando um espaço temporário na infraestrutura dos outros. Um tweet não é seu. Um repositório no GitHub não é seu. Um post no Medium pode ser apagado porque um gringo achou que sua opinião violou alguma regra invisível.

E nem precisa ir tão longe. O TabNews, por exemplo, é uma plataforma brasileira de conteúdo técnico criada por Felipe Dechamps, que se propõe a ser uma alternativa “aberta, colaborativa e sem algoritmos opressores” para discussões e publicações na comunidade tech. Soa bonito, né?

Até você encostar em nervo exposto.

Fui proibido de postar por lá por simplesmente criticar uma figura comum no meio corporativo: o CTO que não entende tecnologia. E aí, o discurso de liberdade cai. Aparece a moderação, a penalidade, o silenciamento — tudo com um jeitinho educado de “isso não agrega”.

9h. A câmera liga, seu estômago revira, começa mais uma sessão de fingimento corporativo.

Acesse o post (se ainda estiver vivo)

Esse tipo de plataforma se diz neutra, aberta e “comunitária”. Até você falar algo que escapa do script de bom-mocismo de LinkedIn. Aí vem a tesoura. É a velha moderação sob medida pra não incomodar os amigos do algoritmo.

Na web descentralizada, isso não existe. Não tem botão de “denunciar”, não tem admin com complexo de justiceiro, não tem “moderador voluntário” que dorme com camiseta da Cloudflare. Você publica, distribui e pronto. O conteúdo é seu — e de quem decidir carregar ele.


“Mas Ghost, e o servidor? Eu rodo isso onde?”

Ah, aí entra o pulo do gato. Você pode rodar um nó IPFS local (boa sorte com a RAM se tiver muita coisa) ou você usa Infura — que nada mais é que uma empresa que te dá uma API pra falar com a rede IPFS sem precisar sujar as mãos com infraestrutura.

Mas calma. Antes que o anarquista em você se revolte:

“Ghost, isso não é centralização disfarçada?”

Sim, é. E não. Explico:

Você usa uma infraestrutura centralizada (Infura) pra acessar uma rede descentralizada (IPFS). Isso significa que se a Infura censurar, você ainda tem o hash. Você sobe de novo. Em outro nó. Em outro gateway. O conteúdo vive fora da empresa. O poder é seu — se você souber usar.


Tutorial do Desprezo: Subindo um HTML para o IPFS em 30 segundos

Quer testar? Pega um HTML besta, tipo:

<!-- index.html -->
<h1>F**** a censura</h1>

Agora o script:

npm install ipfs-http-client dotenv

Crie o .env:

INFURA_PROJECT_ID=seu_project_id
INFURA_PROJECT_SECRET=seu_project_secret

Código upload.js:

require('dotenv').config();
const fs = require('fs');
const { create } = require('ipfs-http-client');
const { Buffer } = require('buffer');

const auth = 'Basic ' + Buffer.from(
  process.env.INFURA_PROJECT_ID + ':' + process.env.INFURA_PROJECT_SECRET
).toString('base64');

const ipfs = create({
  host: 'ipfs.infura.io',
  port: 5001,
  protocol: 'https',
  headers: { authorization: auth }
});

(async () => {
  const html = fs.readFileSync('index.html');
  const { cid } = await ipfs.add(html);
  console.log('CID:', cid.toString());
  console.log(`Link: https://ipfs.io/ipfs/${cid.toString()}`);
})();

Roda:

node upload.js

Rodou? Pronto. Agora seu HTML vive em uma rede interplanetária. Pode apagar do seu disco, que ele ainda respira em nós mundo afora.

Mas e a Web3, Ghost? E a descentralização total?

IPFS é só a entrada do coelho. Quando você combina IPFS com blockchains, DNS descentralizado (tipo ENS ou Handshake), e redes P2P como Hypercore/Dat, você começa a montar infraestruturas paralelas. Uma web que não pede licença pra Google, Amazon ou governo nenhum.

Imagine uma rede social com front-end no IPFS, backend via smart contracts, e identidade via carteira. Não é só utopia, é blueprint sendo construído por devs underground e cypherpunks que não pedem permissão.


Conclusão: A Web Está Quebrada. IPFS É Cola Radioativa.

Não é perfeito. Não é rápido. Não é mainstream. Mas funciona. E mais importante: ninguém manda lá.

Se você quer publicar algo de verdade, que não pode ser deletado, cancelado ou escondido — você tem que tirar seu conteúdo da Matrix.

IPFS é um dos primeiros passos. O resto é com você.

A liberdade tolerada não é liberdade. É controle com UX bonito.
GhostInit0x continua transmitindo.

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